Ação visa esclarecer circunstâncias da morte de adolescente e conflitos na reserva indígena.

Em uma operação realizada nesta quarta-feira (20), a Polícia Federal prendeu oito indivíduos em Cacique Doble, no norte do Rio Grande do Sul. Dois dos detidos estavam sob monitoramento por tornozeleira eletrônica devido a crimes anteriores relacionados à formação de milícia. Um terceiro estava encarcerado no Presídio de Carazinho por outro delito, enquanto os cinco restantes foram capturados na Terra Indígena de Cacique Doble.

Os suspeitos estão sendo investigados pelo envolvimento na morte de Paola Rodrigues, de 13 anos, que foi fatalmente atingida por um disparo na cabeça durante um confronto na reserva em 4 de dezembro de 2023. Segundo o delegado Iuri Oliveira, responsável pela investigação, houve um confronto na terra indígena pouco antes do crime, levando a um grupo a buscar refúgio na casa onde Paola estava. Durante o tiroteio subsequente, a adolescente foi atingida e veio a óbito. Outros dois familiares da vítima também sofreram ferimentos.

A operação resultou no cumprimento de 11 mandados de prisão — cinco preventivas e seis temporárias — e 13 mandados de busca e apreensão. Entre os presos, há sete homens e uma mulher, todos com suposto envolvimento direto no crime. A Polícia Federal não descarta a participação dos detidos em outros incidentes violentos na reserva.

Além de Paola, outros dois indígenas perderam a vida em decorrência dos conflitos em Cacique Doble. A Polícia Federal agora se debruça sobre as evidências coletadas e os depoimentos dos suspeitos para avançar na investigação.

Esta é a sexta etapa da Operação Menés, iniciada em março de 2023, que já resultou em 85 mandados de busca e apreensão, 23 prisões preventivas, seis temporárias e duas definitivas. Uma equipe da Força Nacional permanece estacionada no município, que conta com uma população de 4,6 mil habitantes. Os indivíduos detidos foram levados ao Presídio Regional de Passo Fundo.

A tensão na reserva tem sido considerada moderada nos primeiros meses de 2024, uma melhora em relação ao clima de insegurança do final do ano anterior, que levou à suspensão de aulas e serviços de saúde na comunidade. Conflitos na reserva têm sido registrados desde agosto de 2022, com episódios de violência que incluíram tentativas de homicídio. Após a prisão preventiva de três líderes indígenas, um novo grupo assumiu o controle, gerando divisões e desacordos entre os membros da comunidade.

Fonte; Foto: Divulgação / Polícia Federal